TRÊS PEDRAS

Comprei três pedras vindas do Egito quando eu era bem jovem. Fui informado que elas eram provenientes de pirâmides. Gastei naquela compra minha pequena mesada, no entanto, um arrependimento brotou e resolvi não divulgar aquele feito. A vendedora foi uma jovem senhora e me disse que precisava vendê-las, pois estava passando necessidade, não tendo recursos para o almoço do dia. As pedras eram graníticas e pareciam comuns, apresentando tamanhos diferentes numa escala decrescente. A maior delas tinha o tamanho de uma bola de tênis, a segunda o tamanho de um ovo e a terceira um pouco menor do que a segunda. Elas apresentavam formato irregular com uma de suas faces bem lisa no formato de um quadrado. Tempos depois, liguei aquelas pedras ao conto infantil João e o pé de feijão, onde o herói trocou uma vaquinha por três sementes, que originaram uma enorme árvore ligada do chão às nuvens onde havia um castelo com um morador feroz e diversos tesouros. João, nas alturas, conseguiu uma fortuna ao enfrentar um gigante, apanhou bens e voltou para a sua casa compensando a enorme perda que causou para a sua família. Mas, o que essas pedras poderiam oferecer como meio para que eu pudesse conseguir alguma vantagem? A princípio nada. Essas três pedras são em quantidade semelhantes aos pedidos feitos por Aladim ao gênio da lâmpada, aos três mosqueteiros e aos três porquinhos, da literatura universal, e, também são os poderes que nos governam.  Tomando-se o número 12, cuja soma resulta em três, verifica-se que este é a quantidade de meses do ano, o número de símbolos do Zodíaco e o número dos Apóstolos. As pedras eram um amuleto, no entanto, tinha dúvidas sobre a sua origem. Certa vez consultei um geólogo para saber se as pedras poderiam ser originadas do Egito. Como resposta soube que havia uma boa possibilidade de que fossem. Aquela notícia me animou e passei a confiar mais naqueles pedaços de ilusão. O curioso é que com o passar do tempo, as pedras foram tomando um formato de pirâmide e eu resolvi mandar um escultor terminar o trabalho. Depois de prontas elas tomaram a escala das pirâmides de Gizé: Quéops, Quéfrem e Miquerinos. Ao alinhar as pirâmides no sentido norte sul, senti um uma forte vibração que logo se converteu em cores variando nas tonalidades de azul. Essas cores invadiram o meu ser e me levaram a uma viagem astral até as nuvens. Podia ver meu corpo adormecido enquanto fazia um passeio cósmico. A minha consciência estava em estado de expansão e pude adentrar numa espiral onde passeei por um longo tempo até chegar a uma dimensão cheia de galáxias, as quais tinha a sensação de poder tocá-las. Podia ver pessoas, entidades, cidades e planetas belos e habitados. A cor da vibração emitida pelas pirâmides passou de um azul marinho para um azul claro até se converter para o branco, momento em que despertei de um sono profundo. Naquela hora eu estava deitado numa poltrona ao lado das miniaturas. Espero que as pequenas pirâmides me levem a novas experiências astrais, da mesma forma que João do conto infantil alcançou o castelo nos céus e ganhou um grande tesouro com os seus feijões.