DREAMER

Os amigos Lamare e Didi estavam conversando sobre amenidades no Bar Taboleiro da Baiana, e, lembraram da fadinha verde, que, uma vez lhes apareceu num momento passado. Lamare disse que seria muito bom rever a fadinha, pois, a sua aparição lhe apresentou uma nova visão das coisas. Ele explicou que a partir daquele momento o mundo estava maior. Ele podia acreditar em algo a mais do que a matéria. Didi falou que seria muito bom poder tocar o seu sax para ela e lhe mostrar toda a beleza musical do clássico Royal Cinema. De repente, o amigo Castilho chegou e logo se sentou à mesa. O assunto inicial foi a fadinha verde. O encontro acontecido foi verdade ou ilusão? Questionavam entre si. Poucos instantes depois, chegou ao bar o comandante dos sonhos, Sir Zé Naldo, como era conhecido pelos amigos. Ele era um amigo comum mais velho, já entrando na terceira idade, mas, com um jeito de ser que divertia a todos e ultrapassava a racionalidade quando criava naus, castelos e bebidas caras, a partir de jangadas, taperas e cachaça. Ele tinha um poder peculiar de mudar a realidade à sua volta, ele propiciava situações do mais absoluto non sense. Já servido por uma bebida, Zé Naldo pediu para Didi tocar o clássico moonlight serenade do fenomenal Glenn Miller, em homenagem a lua azul que aconteceria naquela noite. Didi assim o fez, iniciou a performance musical tocando aquela belíssima melodia. Após o fim da apresentação de Didi, Zé Naldo convidou a todos a irem ao lual no Bar do Little Joe, como ele chamava o amigo Zezinho, pois, lá haveria a apresentação do músico Jacob, que estava na cidade, era uma ocasião imperdível, na sua opinião. Como já estava no fim da tarde, todo o grupo saiu caminhando em direção ao bar do Little Joe. Em pouco tempo todos chegaram ao destino traçado. No bar, eles ficaram admirados com a beleza do local, cadeiras acolchoadas, mesas arrumadas com toalhas coloridas, um belo american bar e luzes coloridas em belas luminárias. O senhor Little Joe deu as boas vindas e prometeu uma noite com música da maior categoria, a ser executada pelos músicos Jacob, Cat e Betol. Ao anoitecer, a lua começou a surgir no mar, e logo, uma bola gigantesca apareceu com um brilho sensacional. Todos brindaram aquele momento mágico. A lua mostrava todo o seu poder e clareava o mar e as casas da vizinhança, era um espetáculo poucas vezes visto. O nosso satélite natural dava para ser visto de dentro do Bar, que na verdade, era um lugar simples sem a parede da entrada e coberto com telhas do tipo colonial. Rapidamente se instalaram no palco os três músicos. O trio foi anunciado seguido por uma calorosa salva de palmas, apesar dos poucos frequentadores ali presentes. Jacob tocava um violão de sete cordas, Cat um violão comum e Betol tocava um Bongô. O show musical começou executando um repertório diverso, inclusive, muita bossa nova, com performances de garota de Ipanema e samba de uma nota só. Jacob também tocou em solo sucessos maravilhosos da música nacional e internacional. O encerramento do show foi a fenomenal Georgia on my mind, brilhantemente cantada por Betol. Depois, chegou o sambista local Debin, que com muito balanço cantou alguns sucessos da ápoca. Após o término do show era hora de ir embora. Castilho resolver montar o último drink para encerrar a farra. Ele misturou cachaça com rum e pingou um licor na mistura, bateu o copo firmemente na mesa antes de verter o seu drink de um só gole. Aquele drink, na opinião de Castilho, trouxe do nada a fadinha verde flutuando quase batendo no telhado. Todos dirigiram os olhares à fadinha que logo agradeceu por ser lembrada por tão queridos amigos. Depois, confessou que sempre acompanhou aquele pessoal, dirigindo energias positivas e desejando felicidades. Terminou a sua fala dizendo que daria um presente para todos, e desapareceu deixando no ar estrelinhas esverdeadas. Naquele momento todos estavam num show de Glenn Miller e escutaram a orquestra tocar a música moonlight serenade, uma homenagem a Zé Naldo. Ao encerramento daquela música, a orquestra desapareceu e tudo voltou ao normal. A farra continuou até os primeiros raios de sol que trouxeram sobriedade aos aventureiros e encerraram toda a fantasia de uma noite inesquecível. Aquela foi uma ocasião especial que ficou na lembrança de todos, hoje já maduros e saudosos daqueles tempos mágicos. Zé Naldo, hoje encantado, está vivo na memória dos amigos, que lhe auferem os poderes oníricos originadores de tão bons momentos vividos entre a realidade e fantasia. Castilho, por muitas vezes tentou recriar o seu drink, que ele atesta como abridor de portais para realidades fantásticas. Ele batizou o seu drink de dreamer.