A LUA VERDE

A lua estava verde quando olhei para o ceu hoje pela manhã. Na verdade nunca vi esse fenômeno em toda a minha vida, certamente, deverá haver um significado especial por trás deste acontecimento. Tirei uma foto para comprovar o meu testemunho. Naquele dia recebi a visita do amigo Seu Dantas, uma figura singular, que se diz descendente dos índios que habitavam a região antes dos colonizadores. Colocamos a conversa em dia e eu lhe disse sobre a visão que tive, e, aí, soube do significado daquele evento. A lua verde durante o dia é sinal de uma reunião de grandes feiticeiros. Na cultura indígena este era o sinal da reunião de Pajés de muitas tribos, seria o momento de tomadas de decisões que mexeriam com o destino de muita gente. Depois descobri que isto ocorre quando acontece o alinhamento da lua com vários planetas ou com um grande objeto planetário.  Outra explicação é que se trata de um fenômeno ótico, sendo causado pela refração da luz na atmosfera. Os brilhos verdes são reforçados pela inversão atmosférica devido ao aumento da refração luminosa. Conversando com um amigo ecologista, soube que e a lua verde não passava de uma brincadeira lançada nas mídias com a finalidade de evidenciar a questão ecológica, a necessidade do verde para a evolução e o bem estar do nosso planeta. Bem, com todos esses comentários e assertivas sobre uma lua verde, só me restava uma conclusão, era esperar o desenrolar dos acontecimentos. Numa tarde recebi a visita do Sr. Pharel, que disse vir a minha casa fotografar a mesa que me vendeu na Loja do Mago. Apesar do sumiço da sala dos desejos, onde adquiri aquele objeto, recebi aquele senhor. Quase na mesma hora chegaram Dona Elza e uma Senhora chamada Clotilde. A primeira disse que veio retribuir a minha visita a sua casa. Do nada apareceu um quarto visitante. Este último chamado Pharrael, e, se apresentou como o Mestre de Cerimônias. Os visitantes foram um a um tomando assento na mesa e vestiram uma capa branca. O mestre Pharrael começou a ler o conteúdo de um pequeno livro. Pude ouvir algo sobre a reunião da Ordem Hermética dos Magos da Luz, e uma leitura do conteúdo do livro. De repente, uma névoa da cor violeta começou a tomar conta da varanda e todos desapareceram juntamente com a mesa. Aquela surpresa me deixou imobilizado, mas, aconteceu a luz dos meus olhos incrédulos. Logo depois, Seu Dantas apareceu para desejar boa tarde e eu lhe contei o acontecido. Ele sugeriu que todos estavam numa região atemporal ou ali mesmo protegidos pelo manto da invisibilidade. Ainda, sugeriu que a lua verde havia sido o sinal de um grande acontecimento, como na história dos Reis Magos. A noite chegou e a mesa continuou desaparecida. Na manhã seguinte, a mesa estava de volta sem os participantes do encontro inesperado. No dia seguinte fui procurar Dona Elza para saber o que havia se passado, mas, ela não morava nem havia morado no seu conhecido endereço. Minha reação foi querer dar um fim aquela mesa, não foi bom ter a casa invadida por estranhos. Pensei que poderia acontecer coisas fora do controle. Doei a mesa a uma instituição de caridade da Cidade, que, por sinal, a recebeu de muito bom grado, afinal era uma mesa antiga e bonita. Senti um alívio em me livrar daquele objeto belo, mas, com cheiro de problemas. Passou-se algum tempo até que eu vi novamente uma lua verde em pleno dia. Imediatamente, associei ao encontro dos magos. Fui até onde estava colocada a mesa, tinha certeza que eles estariam lá. No final da tarde fiquei observando os frequentadores e de longe reconheci Dona Elza, e os magos Pharel e Pharrael. Fui embora no início da noite, e, naquela hora começou a aparecer uma luz violeta no interior do prédio e foi aumentando até tomar conta de toda a área externa. O prédio desapareceu diante dos meus olhos ficando assim pela noite inteira. Na manhã seguinte tudo estava de volta ao seu lugar. Os jornais da cidade publicaram o sumiço temporário da instituição de caridade e depoimentos de pessoas que testemunharam o desaparecimento do prédio, no entanto, não mereceram crédito por serem bêbados e moradores de rua. Num dia de chuva vi um arco iris que terminava em cima do Abrigo Estrela Dalva, fato que me estimulou a fazer ali uma visita. No passeio pelas suas instalações fui conhecendo o refeitório, a sala de estar, o salão de jogos, e, num lugar em baixo de um telhado com construção piramidal estava a minha antiga mesa. Nela reconheci o Senhor Pharel jogando cartas. Cheguei perto e cumprimentei o pessoal. Ele se levantou e passamos a conversar reservadamente. Soube, então, que era ali que estava morando para recarregar as energias, enquanto que os demais componentes da Ordem cumpriam missões diversas. Eles eram magos brancos e que realizavam trabalhos de auxílio à humanidade. As reuniões aconteciam para resolver algo sério que ameaçava a todos. Pouco tempo depois, o abrigo Estrela Dalva não contava mais com aquele morador, que saiu dali sem dar notícias. A mesa misteriosamente voltou para a minha varanda e lá ficou. Nunca mais aconteceu uma lua verde, e, assim não tenho motivos para me preocupar. A mesa continua lá, bela e preparada para sempre ser usada por mim e pelos seus usuários eventuais numa próxima lua verde.