A BANDA BARULHOS

Conheci a banda barulhos num festival de música municipal e fiquei encantado. Ela magistralmente tocava covers de grandes bandas dos anos setenta e oitenta, além de apresentar alguma performance autoral. Era, sem dúvida, um grupo musical fabuloso e estava onde houvesse qualquer movimento musical na Província, seja no FESTPOP, ou em outros eventos. A sua formação era de quatro músicos, o vocalista se chamava Talito e cantava como os grandes da época. Tinha uma aparência que lembrava os grandes cantores internacionais. No palco ele fazia um jeito de corpo que lembrava o roqueiro Mick Jagger nas suas sensacionais aparições. O baterista, chamado Rino, executava solos de bateria como aqueles dos grandes nomes do rock and roll. A guitarra elétrica ficava por conta de Joy, falado com um “o” bem aberto, que realizava solos de guitarra equiparados aos originais nas apresentações cover. O baixista tirava sons que deixavam qualquer um de queixo caído. Lembro bem de uma performance desta banda no FESTPOP, ali o vocalista Talito estava muito parecido com o stone mais famoso. Cheguei naquele dia a acreditar que o próprio Mick estava no palco. Depois de assistir a alguns shows virei fan de carteirinha da banda barulhos, e, sempre estava presente nos seus shows. As apresentações eram sempre um bom momento para diversão, rever os amigos e namorar. Este período, no qual descrevo, está situado na minha juventude, mais precisamente nos primeiros anos de faculdade, época na qual acompanhava o rock mundial, tendo uma especial admiração pelas bandas do momento, entre elas o Led Zeppelin e o Black Sabatth, além de gostar dos stones, dentre outros. O rock naquela época era o símbolo da juventude, e a rapaziada curtia de verdade todos esses grupos. Naquele tempo, aconteceu um festival de rock memorável na Praia do Cachimbo, quando esta estava despontando como um lugar turístico. Aquele evento prometia muito rock and roll e apresentações dos sucessos nacionais e internacionais. Assim, muita gente se dirigiu de todos os cantos da Região para assistir ao Festival de Rock: “O Rock é Universal”. Para a realização do Festival, foi montado num espaço da vila, em frente ao mar, um palco para a apresentação das bandas. A programação do evento contava com as seguintes bandas: Barulhos, Cenoura Lúdica, Petit dos Bagaços, Feito na Hora e o destaque Impacto 9. A noite chegou e estava estrelada como nunca, dava-se para ver as estrelas no firmamento e nominar as constelações que ficavam a critério da imaginação dos admiradores. No início da noite, as apresentações começaram com a banda Feito na Hora, especializada num rock feito de improviso, dividindo a plateia, havia os que odiavam aquela música mal alinhavada, e, outros que vibravam com as tiradas do seu líder chamado Beto Galego, que iniciava um novo som a partir de um som murmurado no microfone. Depois daquela tormenta musical, em minha opinião, foi a vez da banda Cenoura Lúdica tocando um jazz da mais alta qualidade, realmente uma música que até hoje faz lembrar-me dos seus excelentes arranjos a criar melodias que não me saem da memória. A próxima banda foi a Petit dos Bagaços executando um rock com uma vibração pesada, era uma espécie de aprendiz de heavy metal, com as letras discutindo a situação política da época. O seu líder chamado Petit cantava músicas autorais que arrancaram palmas do público. Em seguida chegou a banda barulhos performando sucessos de bandas de rock internacional. O interessante foi que seu líder Talito mudava de aspecto conforme a música executada. Ele encarnava o vocalista da banda da vez. Quando tocou os stones, parecia que Mick Jagger estava no palco. Na vez do Led, Talito encarnou o vocalista Robert Plant e, assim seguiu caracterizando os vocalistas das músicas que executou. A última banda foi a famosa Impacto 9, já com alguma repercussão nacional, que fez o cover de Rick Wakeman, do Pink Floyd e ainda tocou o grupo YES. O seu líder, o tecladista Betel, com os seus cabelos lisos no ombro, dava um show a parte na execução das músicas daqueles famosos grupos internacionais. Todas as bandas foram sensacionais, na opinião de todos. No encerramento do festival, todos os músicos subiram ao palco e começaram a fazer uma apresentação única. O som dos instrumentos misturados resultou numa explosão musical. A brisa marinha criou uma bruma, que somada à forte iluminação com lâmpadas coloridas e alguns holofotes, trouxe ao palco a ilusão de flashes das bandas originais, executando as suas canções. No final, as baterias montadas no palco fecharam o show com solos de magistrais batidas, que até hoje ecoam nos meus ouvidos. Uma estrondosa pancada de pratos e do tambor encerrou de vez o festival. Todos saíram lentamente do local extasiados com tamanho acontecimento. Foi uma experiência que nunca mais se repetiu e está armazenada apenas na cabeça dos que estiveram ali presentes, já que não houve registros de tão fabuloso festival.